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Atos de 8 de janeiro completam um ano; três tubaronenses ainda aguardam julgamento
Geral
Publicado em 08/01/2024

Há um ano, o Brasil foi surpreendido diante da televisão. Já nas primeiras horas da tarde de 8 de janeiro de 2023, as telas de todas as emissoras foram tomadas por imagens de uma multidão descontrolada avançando do Quartel-General do Exército em direção à sede dos Três Poderes, em Brasília. Sem encontrar resistência, invadiram facilmente e vandalizaram as instalações do Supremo Tribunal Federal, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto na Capital Federal.

 

Rapidamente, os primeiros vídeos com residentes locais de Tubarão como protagonistas começaram a circular nos celulares. Três habitantes de Tubarão foram detidos e tornaram-se réus: Camila Mendonça Marques, Maria de Fátima Mendonça Jacinto Souza e Joel Borges Correa.

 

Camila registrou a si mesma em atos golpistas e compartilhou nas redes sociais. Ela foi detida em flagrante no interior do Palácio do Planalto no mesmo dia e conduzida à Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia. No processo, consta que ela "incitou a massa a avançar contra as sedes do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, destruindo e contribuindo para a destruição, inutilização e deterioração do patrimônio da União, com violência e ameaça grave, utilizando substância inflamável e causando consideráveis prejuízos".

 

Permaneceu na prisão até 8 de março, quando obteve a liberdade exatamente dois meses após sua prisão e faz uso de tornozeleira eletrônica. Camila é ré e aguarda julgamento por associação criminosa armada (artigo 288, parágrafo único do Código Penal), abolição violenta do estado democrático de direito (artigo 359-L), golpe de estado (artigo 359-M), dano qualificado (artigo 163, parágrafo único, incisos I, II, III e IV) e deterioração de patrimônio tombado (artigo 62, inciso I, da Lei 9.605/1998). Além disso, enfrenta um processo movido por sua sócia para que se abstenha de mencionar a empresa, cujo logotipo estava estampado no boné que usava no dia da invasão a Brasília. A sócia também busca sua exclusão do quadro societário.

 

“Dona Fátima” e “Fátima de Tubarão” são os apelidos mais suaves que a senhora tubaronense de 68 anos adquiriu desde então, mas fazem referência ao vídeo em que ela admite ter defecado na sede do STF, antes de ameaçar o ministro Alexandre de Moraes: “agora vamos pegar o Xandão”. Fátima não estava filmando a si mesma e nem retornou ao acampamento do QG do Exército. Ela voltou a Tubarão, mas sua breve aparição de menos de dez segundos em uma das muitas transmissões ao vivo feitas naquela tarde lhe rendeu uma notoriedade que custaria caro.

 

A disseminação de vídeos do 8 de janeiro no TikTok e Facebook, nos quais ela aparece, além de fotos que ela mesma registrou durante a invasão ao STF, tornaram-se as principais provas da Polícia Federal para incriminá-la. A PF veio a Tubarão prendê-la em 27 de janeiro, e desde então ela está detida. O fato de já ter sido condenada em 2014 por tráfico de drogas, envolvendo um menor que realizava entregas de crack, pesou contra ela, impedindo-a de obter liberdade provisória.

 

Joel Borges Correa

 

Há pouca informação sobre Joel Borges Correa, nem imagens disponíveis. Ele é um caminhoneiro autônomo, que mora em Tubarão e também foi preso em flagrante, no dia 8/1, em situação semelhante à de Camila. Foi concedida a ele liberdade provisória em 8 de agosto de 2023, com as mesmas medidas cautelares impostas à empresária tubaronense. Joel agora aguarda o julgamento do processo.

 

Até o momento, 30 pessoas foram condenadas pelos atos de 8 de janeiro, incluindo três catarinenses, por crimes como associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e deterioração de patrimônio tombado. As penas dos condenados variam entre 3 a 17 anos de prisão. Os três catarinenses foram sentenciados a cumprir, cada um, 16 anos e meio de prisão.

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