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Mensageiro: ‘há contradições’, diz advogado do prefeito preso de Capivari de Baixo
06/06/2023 16:31 em Geral

Delegados, policiais e outras testemunhas da Operação Mensageiro foram ouvidas nesta terça-feira (6), em Joinville, no processo que envolve membros da Serrana e da prefeitura de Capivari de Baixo. O prefeito da cidade, Vicente Correa Costa, e o ex-secretário o Secretário da Fazenda, Glauco Gazola Zanella, são acusados de participar do esquema de corrupção na coleta de lixo.

O advogado Eduardo Faustina da Rosa, que defende Vicente e Glauco, afirma que ambos os réus são inocentes no processo. Para Faustina, há contradições e falta de provas no processo, o que tem corroborado para a tese de defesa.

“Conseguimos demonstrar que há contradições, inclusive de quando supostamente teria se encerrado o pagamento da suposta propina. Há uns [testemunhas] dizendo que se encerrou em março e outros dizendo que se encerrou em julho”, cita como exemplo das contradições. Suspeitando de estarem sendo investigados, a Serrana interrompeu o pagamento de propina.

Além disso, a defesa alega não haver registro em fotos e vídeos do acusado recebendo propina. Durante a audiência de instrução, delegados e policiais confirmaram a alegação.

O advogado também aponta que as provas referentes à localização são frágeis. Isso porque foi, em um momento, apurado que Glauco estava participando de uma reunião com Serrana em um hotel, mas, posteriormente, foi comprovado que não estava.

Durante a audiência desta terça-feira, o prefeito Vicente participou da sessão como ouvinte. Ele encaminhou perguntas aos advogados, que questionaram as testemunhas com as dúvidas elaboradas pelo réu.

O que a investigação apurou

O delegado do Gaeco Welliton Marlon Bosse, porém, comenta que há outros indícios da participação de Vicente e Glauco na ação. Entre eles, os contatos telefônicos mantidos entre o mensageiro, responsável por pagar as propinas, e os dois réus. Entre 2020 e 2021, foram registrados nove contatos telefônicos entre o mensageiro e Vicente. No caso de Glauco, foram 34.

O ex-secretário da Fazenda, além dos registros telefônicos, também tinha salvo o contato do mensageiro no celular, registrado como Marlene. Este era um dos codinomes usados pelo pagador, assim como Paulo.

A investigação aponta que houve um encontro entre Vicente e representantes da Serrana em junho de 2022, na prefeitura da cidade para informar que os pagamentos seriam suspensos por medo da Serrana estar sendo investigada.

Informações sobre a localização celular comprovaram que todos estavam conectados na mesma antena, além de registros de viagem da aeronave pessoal do dono da Serrana. A defesa, porém, aponta que esta informação é contraditória, pois as testemunhas divergem nas datas sobre a “pausa” no pagamento de propinas.

Outros indícios de prova, conforme Welliton, seriam os depoimentos de outros participantes do esquema, que confirmaram a participação de Vicente e Glauco.

A investigação também aponta que houve aditivos contratuais entre prefeitura e a empresa Serrana, o que teria ocorrido mediante pagamento de propina. O nome da prefeitura também constava na planilha que organizava os pagamentos aos agentes públicos por município.

Segundo Welliton, os pagamentos eram feitos para a prefeitura a fim de realizar os aditivos, mas também garantir que os pagamentos de contratos fossem feitos em dia, assim como reajustes.

“Segundo apontou a investigação, [a empresa] recebeu em dia os pagamentos, não havendo atrasos,  ocorria  de forma pontual, além de reajustes. No caso de Capivari de Baixo, houve análise de contratos com aumento de valores. Refere- se apenas a destinação final do lixo. Interesse da Serrana era manter o contrato desde 2005, isso porque outros municípios da região tinham aterros e tinha esse medo da Serrana perder o contrato”, explica o delegado.

Na casa dos investigados, foram encontrados valores em dinheiro vivo. No caso de Vicente, ele informou onde mantinha a quantia de R$ 80 mil. O prefeito alegou que o valor é correspondente ao que recebia como médico, profissão na qual atuou até o fim de 2020. “Ficando guardado por 2 anos?” questionou o delegado.

Já no caso de Glauco, em um primeiro momento, ele informou que não havia dinheiro guardado em sua casa. Depois, conforme os agentes policiais se aproximavam do local onde mantinha a quantia, ele revelou a localização. Em sua residência, foram encontrados R$ 75 mil.

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